A cristandade pode tolerar a escravidão, desde que com caridade dos senhores para com os servos, e entendendo que os servos não são objetos, mas o próximo a quem se deve amar. Isso não significa apoiar a escravidão. Na Europa, ele foi praticamente extinta com o advento da cristandade.
Na carte de São Pedro ele diz 'servo', ora, servo não seria empregado?
O termo grego eu não sei, mas, no sentido cristão, não há mesmo escravos, e sim servos.
Servo não é um empregado no sentido que temos hoje, Gabriel. A servidão era uma condição bem específica que estipulava uma condição de dependência do trabalhador a um pedaço de terra e a um senhor (e os deveres desse para com o servo), e que foi desenvolvida especialmente na Idade Média europeia; contudo, essa palavra tinha um sentido ampliado, usado nos templos clássicos, que abarcava uma série de estados de dependência e, numa das pontas, estava a escravidão.
O Antigo Testamento obriga o senhor a libertar o escravo depois de seis anos de trabalho, obriga a libertá-lo junto com sua mulher, proíbe matá-lo, cegá-lo de um olho ou fazê-lo perder um dente. No Antigo Testamento, o escravo não é um objeto, mas um ser humano sujeito a uma condição temporária. Imagine que a lei do Novo Testamento é mais branda do que a do Antigo. Na verdade, o que a Bíblia e a Tradição cristã fazem não é justificar a escravidão, mas colocá-la contra o muro. É certo que, tanto a Bíblia, como Santo Tomás, defendem os açoites para os escravos, tanto quanto os defendem para os filhos rebeldes, mas com moderação.
> @Thiago Santos de Moraes > templos leia-se *tempos*.