apologetica

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Para o diálogo com calvinistas de "cinco pontos"

ruirmachado
Thu, 12 Jul 2018 15:21:50 GMT

Se a morte de Cristo se reduzisse a uma substituição penal no sentido estrito, não haveria a necessidade de aplicação dos méritos de Cristo àqueles por quem Ele morreu. No exato momento de Sua morte, todos os tais seriam justificados e os que ainda não haviam nascido nasceriam sem o pecado original. Mas o fato da Bíblia chamar a todos de "inimigos" implica em que a substituição penal (no sentido passivo) ou satisfação vicária (no sentido ativo), na verdade, acumulou um tesouro de méritos que pôde ser aplicado a este ou aquele, e cujo influxo atinge a todos, embora não igualmente. A eficácia, isto é, o bom termo, a consecução perfeita, por sua vez, é dirigida aos eleitos. A teologia da Reforma considerou que essa consecução perfeita seria a única possível dada a sua posição com respeito à justificação. De fato, uma justificação forense ou imputada implica em que tal graça, extrínseca e não perfeitamente de posse do pecador, jamais possa ser perdida ou abandonada por ele. Contudo, quando se considera que a graça é um dom, um "adjutorium", ela admite perda e aumento. E ess a posição de nenhuma maneira diminui a nossa dependência em relação a Deus. Ao contrário, ela é absoluta, mas de um Deus que cria e faz, e não apenas "declara". Temos, portanto, que a justificação forense só é compatível, de modo consistente, com uma expiação limitada e particular, dada a sua realidade extrínseca, ainda que possa admitir a distinção entre a realidade e a aplicação, mas apenas no que diz respeito ao aspecto temporal, e não de maneira independente. A visão absolutamente estrita da substituição penal, contudo, poderia levar até mesmo a tornar irrelevante a fé como "meio de apreensão" e a suprimir totalmente essa distinção. Somente não o faz, entendemos, pela centralidade que a fé como "meio de apreensão" ocupa na teologia protestante. A justificação infusa, por sua vez, é compatível, tanto com uma expiação limitada (jansenismo), quanto com uma expiação universal, justamente por distinguir a realização e a aplicação, e, nesse último caso, não fazer a primeira absolutamente dependente da segunda. Absolutamente tudo o que concerne à nossa vida sobrenatural, não apenas aquilo que é levado a bom termo por Deus, é dependente do que Cristo fez na cruz. Qualquer realidade que possua algum nexo com a salvação, como a própria elevação da natureza ou as graças e os movimentos que a antecedem temos por certo atribuí-los ao beneplácito concedido pela expiação de Cristo. Esta por sua vez é infinita e superabundante, que são notas de cunho distintivo em relação às aplicabilidades que ela possa ter. Até mesmo um calvinista que fosse um rígido defensor da expiação limitada seria obrigado a admitir que a redenção operada nos eleitos é muito menor do que o valor objetivo da expiação, sob pena de reduzir em muito a dignidade da Pessoa de Cristo.

ruirmachado
Tue, 17 Jul 2018 14:38:19 GMT

Fiz uma pequena revisão deste texto e reescrevi algumas partes em que achei que o assunto foi mal desenvolvido.

Thiago Santos de Moraes
Tue, 17 Jul 2018 15:10:03 GMT

Postou onde essa revisão?

ruirmachado
Tue, 17 Jul 2018 16:17:21 GMT

Ainda não postei, para não colocar dois textos num mesmo tópico.

menandro
Thu, 16 Jan 2020 21:23:52 GMT

A JUSTIÇA POR IMPUTAÇÃO é apenas uma ficção jurídica, nunca uma realidade comunicativa na teoria calvinista, inclusive em suas bifurcações neocalvinistas e calvinismo moderado. Os Méritos de Cristo serão sempre um fator externo a ser apontado restritivamente Nele, nunca nos eleitos, e o pecador jamais será chamado a participar LIVREMENTE desses Méritos, ou convidado a se inserir nessa Bondade, se opondo ao que dita o Concílio de Orange (ano 529): “Enquanto praticamos o bem Deus OPERA EM NÓS, E CONOSCO, de forma que possamos praticá-lo” (Cânon 9). Não por outra razão, o calvinismo nega a Comunhão do ser humano com Cristo em suas duas naturezas, Humana e Divina, na Eucaristia. (Institutas vol. IV cap. VII)