apologetica

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Ex congruo, ex condigno

Ivanilde
Fri, 22 Jan 2016 19:00:24 GMT

O que é mérito de côngruo e mérito de condigno?

Thiago Santos de Moraes
Fri, 22 Jan 2016 19:13:15 GMT

Certa feita, aprendi o seguinte com o confrade Carlos Ribeiro: >Ex congruo é o mérito que Deus dá a mais por Seu poder e Sua liberalidade. Como um patrão que dá um bônus ao bom funcionário. Ex condigno é o que Deus dá de estritamente justo, ainda que pela Sua graça. É como o salário que o patrão dá a seu empregado. Para exemplificar ele, que falava da consagração a Nossa Senhora, acrescentou: >Inclusive, na consagração à Maria, segundo o método de São Luís, doa-se todos os méritos ex congruo da alma (que pode ter intenção impetratória – súplica por outrem –, ou satisfatória – expiação de pecados veniais) à Nossa Senhora, para ela poder distribuir como quiser, já os ex condigno não se pode dar. O mérito, nesse contexto, é o que a alma deve receber por ter obrado, mas Deus só o dá pela sua graça – que é o início da vida divina, aperfeiçoa a natureza.

Ivanilde
Fri, 22 Jan 2016 19:14:41 GMT

Hum, acho entendi. Os de _condigno_ dizem respeito à dignidade específica de cada pessoa (em estado de graça). É isso?

Thiago Santos de Moraes
Fri, 22 Jan 2016 19:17:57 GMT

Sim, é isso. O que significa tbm que uma pessoa em estado de pecado mortal, não tem mérito _ex condigno_ nenhum, mas pode ter _ex congruo_, que Deus lhe dá para que se arrependa.

Fernando Watami
Fri, 22 Jan 2016 23:31:57 GMT

Muito boa essa explicação do Carlos.

Karlos Guedes
Sat, 23 Jan 2016 04:18:44 GMT

*Mérito* é o direito à recompensa adquirida por quem obra. Pode ser de dois tipos: _côngruo_ e _condigno_. O *mérito de _côngruo_* é aquele em que o mérito é concedido apenas por bondade do que premia. Por exemplo: uma pessoa está em pecado mortal, não obstante continua a cumprir os deveres externos da religião, como ir à Missa, dar catequese. Esses atos de si são bons, mas Deus não tem obrigação de premiá-los. Mas sabemos que mesmo esta pessoa hipotética recebe continuamente graças de Deus, nem que seja a contrição para que possa confessar-se. O *mérito de _condigno_* é aquele em que a recompensa é dada necessariamente por motivo de justiça. São condições: 1) estado de via (estar vivo); 2) estado de graça; 3) agir com liberdade; 4) obra ser boa; 5) uma promessa por parte de Deus. Assim, o mérito é de justiça não porque a pessoa mereça, mas porque à obra está atrelada uma recompensa prometida por Deus. Por exemplo: a graça dos Sacramentos. ******* Existe também o mérito de condigno propriamente dito (ou de estrita justiça). Nele, o direito à recompensa é proporcional à dignidade da obra. Apenas Nosso Senhor Jesus Cristo enquanto homem tem o mérito de condigno propriamente dito. Por exemplo: Ele merece ser Juiz dos vivos e dos mortos por Si mesmo. PS: alguns teólogos teólogos dizem convir à Nossa Senhora tal mérito (corredenção).

Karlos Guedes
Sat, 23 Jan 2016 04:22:30 GMT

Para ficar mais claro os méritos: 1) côngruo: eu peço dinheiro a um amigo e este me dá. 2) condigno: eu jogo na loteria e ganho o prêmio. No primeiro, recebo o prêmio apenas por bondade do amigo. No segundo, recebo o prêmio merecidamente, porque existe um contrato, uma regra (no caso espiritual, o sagrado comércio) entre o apostador e a lotérica. Note-se que condigno* não há proporcionalidade ALGUMA* entre a obra e o prêmio: em se pagar uma aposta (R$ 3,00) e se ganhar (R$ 50.000.000,00), ou seja, entre se confessar e receber a graça habitual.

Carlos Ribeiro
Sat, 10 Mar 2018 02:53:56 GMT

Eu aprendi essas coisas com um livro (1937) do Pe. Júlio Maria de Lombaerde - onde ele diz que nossa Senhora mereceu _ex congruo_ o que nosso Senhor mereceu _ex condigno_; qual não foi minha surpresa ao ver que o próprio São Pio X mencionou essa doutrina na Encíclica _Ad diem illum_: "Maria excede a todos em santidade e em união com Cristo, e por ter sido associada por Ele à obra redentora, ela nos merece de _congruo_, segundo a expressão dos teólogos, o que Jesus Cristo nos mereceu de _condigno_, sendo ela ministra suprema da dispensação das graças. _Ele (Jesus) está sentado à direita da Majestade nas alturas_ (Heb 1, 3). Ela, Maria, está à direita de seu Filho" (2 de fevereiro de 1904).

Carlos Ribeiro
Sat, 10 Mar 2018 19:02:52 GMT

> uma pessoa em estado de pecado mortal, não tem mérito ex condigno nenhum, mas pode ter ex congruo, que Deus lhe dá para que se arrependa Já não sustento mais isso; não se pode merecer o próprio arrependimento. O mérito _ex congruo_ nesse caso pode alcançar outros bens para si e o arrependimento de outrem, p.ex.

Carlos Ribeiro
Tue, 13 Mar 2018 13:51:29 GMT

Isto também significa que a Virgem Corredentora não o é de si, mas de nós.

Carlos Ribeiro
Tue, 13 Mar 2018 22:20:56 GMT

Explicação do [Sidney Silveira](https://contraimpugnantes.blogspot.com.br/2010/10/sobre-as-coisas-politicas-vii-politica.html): A noção de mérito (...) No plano sobrenatural Em sentido lato: Direito a uma recompensa graças a Deus. E, em sentido estrito, o que segue abaixo: Mérito de condignidade (de condigno) 1- Perfecte de condigno: É o mérito perfeitíssimo de Cristo. Com o sacrifício na Cruz, ele mereceu para nós a redenção. 2- De condigno. É o mérito concedido por Deus em reconhecimento ao esforço de um homem em seguir os mandamentos, buscar a graça, etc. Por ele o homem se abre ao influxo de novas graças em ordem à glória, e pode ser chamado "amigo de Deus". Mérito de conveniência (de congruo) 1- De congruo proprie. É o mérito proveniente dos direitos adquiridos pelo homem justo em virtude de sua amizade com Deus (mérito concedido in jure amicabili, segundo Santo Tomás). Por esse mérito um homem em estado de graça, rezando, consegue de Deus a salvação de um pecador; a conversão de um infiel; que um homem não morra em impenitência final, etc. O mérito de Nossa S enhora (mediadora das graças) para conosco é deste tipo. 2- De congruo improprie. É o mérito do pecador que, mesmo estando em pecado mortal, recebe graças atuais para rezar e para voltar ao estado de graça. Em resumo> Há três tipos de mérito sobrenatural: o de Cristo para com o homem (mérito perfecte de condigno); o do homem para consigo mesmo por intermédio da graça, que, por sua vez, o faz realizar obras meritórias e receber novas graças. Ou seja: é um mérito concedido ao homem por reconciliar-se com Deus (mérito de condigno); e o do homem para com outro homem (mérito de congruo proprie), em razão justamente desses direitos adquiridos pela amizade para com Deus (in iure amicabili ). Já o mérito de congruo improprie só pode ser considerado mérito por analogia de atribuição extrínseca.

Carlos Ribeiro
Thu, 15 Mar 2018 19:12:33 GMT

> @Carlos Ribeiro > 2- De congruo improprie. É o mérito do pecador que, mesmo estando em pecado mortal, recebe graças atuais para rezar e para voltar ao estado de graça. Aqui, Sidney Silveira disse o mesmo que eu dizia; em contrário, Sto Tomás: >Ninguém pode, por si mesmo, merecer levantar-se do pecado em que vier a cair, nem por mérito condigno, nem por mérito côngruo (I-II, q. 114, a. 7).

Carlos Ribeiro
Fri, 03 Jan 2020 17:39:47 GMT

> @Carlos Ribeiro > São Pio X mencionou essa doutrina na Encíclica Ad diem illum: >“Maria excede a todos em santidade e em união com Cristo, e por ter sido associada por Ele à obra redentora, ela nos merece de congruo, segundo a expressão dos teólogos, o que Jesus Cristo nos mereceu de condigno, sendo ela ministra suprema da dispensação das graças Papa Francisco [chamou](https://fratresinunum.com/2019/12/13/tonterias-a-co-redencao-de-nossa-senhora-negada-por-francisco/) a corredenção da Ssma Virgem de "tonterias". Vários católicos se mostraram ignorantes da questão nos comentários; após isso Pe. Elcio Murucci [compilou](https://fratresinunum.com/2019/12/25/co-redentora/) alguns trechos de Lúcio Navarro a respeito dela.